Interplexa

Do Latim Estérico: Inter (prep. "entre") + plexa (particípio do verbo "plicare", "dobrar", "desdobrar", "laçar") Significado: 1. neutro plural:"Coisas entrelaçadas ou que se desdobram internacionalmente" 2. feminino singular: "Mulher (ou menina) de camadas interligadas ou que se desdobra internacionalmente) Vide também: www.internexa.blogspot.com

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Local: Brasília, Toronto

Brasiliense de origem montalvanense desbravando o gelado inverno do doutorado canadense.

22.9.07

Fase Nova, Blog Novo

Pessoas,

Para marcar um nova fase da minha vida escolar, decidi hoje criar um novo blog. Ou dois. Os nomes são mais auto-explicativos do que os descolados interplexa e internexa:

- blogdaester.wordpress.com é o novo blog em português. Todos os arquivos do interplexa foram passados para lá

- estersblog.wordpress.com por sua vez é o novo blog inglês, armazenando todos os antigos posts da história do internexa.

Fácil, não? Eu achei super-fácil.

"Mas, Ester, por que você resolveu mudar de blog, se o seu já era tão legal?"

Seguinte: por mais que o interplexa fosse muito legal, e eu tenha aprendido muito com o blogspot, na hora de colocar um tanto de fotografia as coisas ficavam complicadas. Minha amiga Alexandra, que gosta muito de postar suas fotos e vídeos, há muito havia me indicado o wordpress. Ela tinha me dito que era mais fácil de usar, mas eu não tinha idéia que era assim tão mais fácil. Até hoje.

Não vou falar mal do blogspot porque devo muito a ele. Mas eu tinha planejado para hoje um post cheio de foto de novo (Com o sugestivo título de "Umidade 11%). Todavia, só de pensar na trabalheira do último post, me bateu um desânimo... Resolvi então dar uma olhada no wordpress. Gamei.

Então é isso. Vejo vocês por lá.

Beijos e queijos,

Ester
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21.9.07

Primavera em Brasília

Como alguns de vocês sabem, estou passando essa primavera em Brasília. E como este fim de semana marca oficialmente o início da primavera, eis aqui um relatório oficial da minha nova rotina diária.


Primeiro, acordo e olho pela janela:







Tomo um café esperto, e parto para a biblioteca da universidade:







Estaciono e, andando, penso nos meus compromissos do dia:






Chego à biblioteca, e trabalho a manhã toda:



Volto para casa para almoçar:





À tarde, vou para a biblioteca da paróquia:




É fim de dia e de inverno na capital federal.

15.9.07

Post Mortem (parte 2 de 2)

No post passado, eu falei de dois cantores geniais que morreram de forma chocante ainda muito novos: John Lennon e Cazuza. Mas o que me levou mesmo a ressucitar este blog foi o especial da Globo sobre o Renato Russo, que foi ao ar na última sexta-feira. O impacto do programa em mim foi tão grande que eu passei o final de semana inteiro na maior deprê. "Pô, cara, o Renato Russo morreu. Que tristeza."

Quando o Renato Russo morreu em 1996, eu tinha 16 anos e tinha acabado de transferir para uma escola nova. Era a Semana Cultural no Centro Educacional Sigma, e o número de bandas fazendo cover do(a) Legião Urbana era algo absurdo -- isso antes mesmo de sair a notícia que o Renato tinha morrido.

Legião Urbana era para mim outro caso clássico de música de clube. Fan eu não era; na verdade, nem me dava conta que eu sabia tanta música deles. Quando a notícia estorou na mídia, foi aquela overdose: Legião tocando em todo lugar, fanatismo total. Até porque mais ou menos na mesma época saiu o "Tempestade", que o Renato tinha gravado três meses antes de morrer, e a procura por esse disco foi uma febre. Eu não conseguia entender muito o chororô geral -- falar a verdade, estava até um pouco de saco cheio.

Mas foi justamente aí que eu percebi que osmose ou não, o número de músicas do Legião que eu sabia de cor -- sem nem saber que era Legião -- era imenso. Até os longos 9 minutos e pouco de Faroeste Caboclo eu tinha na minha memória, da época que eu e meus primos ficávamos competindo, nas tardes de sábado no clube, quando eu tinha lá meus 7 anos.

Sem muito alarde, até para não pagar muito a língua, fui comprando um disco aqui, outro ali, até adquirir a coleçao completa. Legião virou algo central no meu repertório de violão, ao lado dos Beatles. No princípio, eu gostava mais das músicas da época do clube -- anos 80, coisa de início de carreira. Depois vieram o disco V e o Descobrimento do Brasil, coisa já da minha adolescência. Daí o discos solo. (Se alguém duvida do efeito dessas músicas no meu consciente-inconsciente-subconsciente e super-consciente, vide este post de agosto passado.)

Me impressionava não só a poesia e o poder de observação das letras do Renato Russo, como o bom gosto dele nos covers que ele escolhia. Por bom gosto entenda-se: gosto que nem o meu. Madonna, Billy Joel, Neil Young: só tem coisa boa. Para ter idéia, há alguns meses eu falei da minha recente descoberta e fascínio com a música do Leonard Cohen. Até hoje eu tenho que escutar esse disco pelo menos umas dez vezes por semana (dia sim, dia não, com direito a um repeat ou dois). Qual então não foi minha surpresa semana passada ao escutar pela primeira vez o disco "Último Solo" do Renato Russo e dar de cara logo na primeira faixa com o "That´s no way to say good-bye" do Leonard Cohen. Foi dar de cara e ficar de cara.

Pensando bem, acho que o que eu gosto no Renato Russo e no Leonard Cohen é bem parecido: uma poesia inteligente combinada com uma percepção aguda do dia-a-dia. É o tipo de coisa que me faz gostar também do Raul Seixas e do Belchior.

(parêntese 1: por algum motivo muito interessante a wikipedia em inglês coloca Cazuza, Mutantes, Raul Seixas e Renato Russo como grandes nomes da música nacional. Não sei quem fez essa seleção, mas que tem um super bom gosto, isso tem.)

(parêntese 2: O Raul é outro desses caras que eu sei de cor e salteado por osmose, que morreu novo em 1989, que eu admiro muito hoje mas que cuja biografia eu conheço pouco. No dia que sair um especial sobre o Raul, aposto que eu vou ficar tão impressionada como fiquei com os tributos a John Lennon, Cazuza, e Renato Russo que citei nestes dois posts-mortes).

Mas eu divago. O que eu queria dizer é que eu passei o final de semana pensando no Renato Russo, e querendo saber mais sobre a vida dele. Só de re-escutar a discografia completa no sábado (sim, tive que escutar ela todinha. Várias vezes), desta vez sabendo que quando ele escreveu tal música, ele sabia que estava morrendo. Quando escreveu essa aqui, ainda não. Quando escreveu essa ele tinha acabado de assinar o primeiro contrato de gravação e cortado os pulsos. Só de saber um pouquinho da história por trás de uma música aqui outra ali me fez encher de lágrima.

Mas acho que o que de tudo de tudo me deixou mas impressionada foi que ele morreu sozinho. Nem a mãe dele, nem o pessoal do Legião sabia que ele tinha AIDS, ou pelo menos foi o que o programa da Globo deu a entender. Pelos meus cálculos, o Renato ficou sabendo que era aidético mais ou menos na época que o Cazuza morreu. Talvez ele tenha ficado impressionado com a cobertura minuto a minuto da doença do Cazuza, e resolveu partir para o outro extremo. Não sei. Mas só de imaginar a situação toda, dele segurar sozinho essa barra, me dá um aperto no coração.

O que no final das contas prova que apesar de todo meu complexo de superioridade, minhas emoções são tão vulneráveis a estímulos midiáticos como a de todos os tietes que na minha ignorância eu criticava. Se brincar, até mais. Porque olha só: até sair para comprar a biografia do Renato Russo eu saí. Se todo mundo que tem o meu poder aquisitivo é tão influenciável quanto eu, estimo que as vendas do "Trovador Solitário" neste final de semana deve ter batido recorde. Se não bateu, isso só pode provar que meu nível de impressionabilidade é maior do que a média da população que tem meu nível de renda ou maior. Não falei que tinha complexo de superioridade?

Enfim, vou parar por aqui e ir devorar meu livrinho novo. Depois eu conto detalhes. E depois do fim, o que vier vai terminar de ser o começo:

É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais

(Renato Russo, Love in the Afternoon)

Post Mortem (parte 1 de 2)

É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais

(Renato Russo, Love in the Afternoon)

Quando o John Lennon morreu, eu tinha acabado de comemorar meu primeiro aniversário. A primeira vez que eu lembro de ter ouvido o nome do ex-Beatle -- ou dos Beatles -- foi em dezembro de 1990, quando passou na TV o filme "John e Yoko" e o show "Tributo a John Lennon", para comemorar os dez anos de seu assassinato.

Eu tinha onze anos, e fiquei impressionada. Tínhamos acabado de comprar nosso primeiro video-cassete, e uma das primeiras fitas que a gente gravou continha esses dois programas. Em um mês eu devo ter assistido essa fita umas dez vezes, possivelmente mais. Como se isso não fosse suficiente, já que eu e meu irmão acabamos decorando os diálogos, nós às vezes dispensávamos a fita e fazíamos a dramatização ali nós dois, colocando um primo como terceiro figurante quando dava. Por algum motivo, o cara que dublava o John Lennon parecia ser o mesmo que dublava o Chapolin, o que deixava as cenas ainda mais memoráveis, e fazia a gente cair na gargalhada sem nem saber por quê. Os efeitos dessa maratona foram permanentes; quem duvidar, dê uma olhada neste meu post de abril, ou neste testemunho do meu irmão caçula.

Isso foi em dezembro de 1990. Em julho do mesmo ano morreu Cazuza. A gente estava de férias, e tínhamos parado em Três Marias no meio de uma viagem de carro Brasília-Rio. A notícia não pegou ninguém de surpresa-- acho que a minha surpresa foi de saber que ele até o dia anterior ele ainda estava vivo. O Cazuza foi a primeira personalidade brasileira a assumir publicamente que era portador do vírus da AIDS, e a evolução da sua doença foi exaustivamente documentada pela mídia da época.

Apesar de não ser fan do Cazuza na época (não sei se eu era fan de alguma pessoa na época, talvez do Balão Mágico), eu conhecia muita música dele por osmose. Muita mesmo. Cazuza é o que até hoje eu defino como "música de clube": era o que tocava nas rádios na época em que passávamos as tardes de sábado no clube nadando ou brincando de bola. Como esse era o único lugar que eu ouvia rádio na época -- por que os alto-falantes eram tão altos e onipresentes a não dar outra opção -- e como Cazuza era o que estava nas paradas do rádio, ergo Cazuza tornou-se um caso clássico de música de clube, ao menos para mim.

Mas assim, eu nunca pensei muito no Cazuza. Quer dizer, até o ano passado, quando assisti o filme baseado em sua vida. Daí lá foi Ester de novo ficar super-impressionada. Em um mês, eu devo ter visto o filme umas quatro ou cinco vezes. Comprei uns três discos, e pus para tocar o que eu já tinha e nunca havia parado para escutar muito. Por mais de mês não tocava mais nada no meu som. Virei fan de carteirinha. O cara é muito gênio, fala sério.

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Não perca no próximo episódio: Renato Russo e o "Por Toda Minha Vida" de 14 de setembro.