Interplexa

Do Latim Estérico: Inter (prep. "entre") + plexa (particípio do verbo "plicare", "dobrar", "desdobrar", "laçar") Significado: 1. neutro plural:"Coisas entrelaçadas ou que se desdobram internacionalmente" 2. feminino singular: "Mulher (ou menina) de camadas interligadas ou que se desdobra internacionalmente) Vide também: www.internexa.blogspot.com

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Local: Brasília, Toronto

Brasiliense de origem montalvanense desbravando o gelado inverno do doutorado canadense.

15.9.07

Post Mortem (parte 1 de 2)

É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais

(Renato Russo, Love in the Afternoon)

Quando o John Lennon morreu, eu tinha acabado de comemorar meu primeiro aniversário. A primeira vez que eu lembro de ter ouvido o nome do ex-Beatle -- ou dos Beatles -- foi em dezembro de 1990, quando passou na TV o filme "John e Yoko" e o show "Tributo a John Lennon", para comemorar os dez anos de seu assassinato.

Eu tinha onze anos, e fiquei impressionada. Tínhamos acabado de comprar nosso primeiro video-cassete, e uma das primeiras fitas que a gente gravou continha esses dois programas. Em um mês eu devo ter assistido essa fita umas dez vezes, possivelmente mais. Como se isso não fosse suficiente, já que eu e meu irmão acabamos decorando os diálogos, nós às vezes dispensávamos a fita e fazíamos a dramatização ali nós dois, colocando um primo como terceiro figurante quando dava. Por algum motivo, o cara que dublava o John Lennon parecia ser o mesmo que dublava o Chapolin, o que deixava as cenas ainda mais memoráveis, e fazia a gente cair na gargalhada sem nem saber por quê. Os efeitos dessa maratona foram permanentes; quem duvidar, dê uma olhada neste meu post de abril, ou neste testemunho do meu irmão caçula.

Isso foi em dezembro de 1990. Em julho do mesmo ano morreu Cazuza. A gente estava de férias, e tínhamos parado em Três Marias no meio de uma viagem de carro Brasília-Rio. A notícia não pegou ninguém de surpresa-- acho que a minha surpresa foi de saber que ele até o dia anterior ele ainda estava vivo. O Cazuza foi a primeira personalidade brasileira a assumir publicamente que era portador do vírus da AIDS, e a evolução da sua doença foi exaustivamente documentada pela mídia da época.

Apesar de não ser fan do Cazuza na época (não sei se eu era fan de alguma pessoa na época, talvez do Balão Mágico), eu conhecia muita música dele por osmose. Muita mesmo. Cazuza é o que até hoje eu defino como "música de clube": era o que tocava nas rádios na época em que passávamos as tardes de sábado no clube nadando ou brincando de bola. Como esse era o único lugar que eu ouvia rádio na época -- por que os alto-falantes eram tão altos e onipresentes a não dar outra opção -- e como Cazuza era o que estava nas paradas do rádio, ergo Cazuza tornou-se um caso clássico de música de clube, ao menos para mim.

Mas assim, eu nunca pensei muito no Cazuza. Quer dizer, até o ano passado, quando assisti o filme baseado em sua vida. Daí lá foi Ester de novo ficar super-impressionada. Em um mês, eu devo ter visto o filme umas quatro ou cinco vezes. Comprei uns três discos, e pus para tocar o que eu já tinha e nunca havia parado para escutar muito. Por mais de mês não tocava mais nada no meu som. Virei fan de carteirinha. O cara é muito gênio, fala sério.

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Não perca no próximo episódio: Renato Russo e o "Por Toda Minha Vida" de 14 de setembro.