Interplexa

Do Latim Estérico: Inter (prep. "entre") + plexa (particípio do verbo "plicare", "dobrar", "desdobrar", "laçar") Significado: 1. neutro plural:"Coisas entrelaçadas ou que se desdobram internacionalmente" 2. feminino singular: "Mulher (ou menina) de camadas interligadas ou que se desdobra internacionalmente) Vide também: www.internexa.blogspot.com

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Local: Brasília, Toronto

Brasiliense de origem montalvanense desbravando o gelado inverno do doutorado canadense.

27.6.07

Pode acontecer em qualquer lugar

Atenção: este post contém referências a orgãos sexuais e violência (é necessário às vezes dar nome aos bois). Baseado em fatos reais.

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Após um post sobre a importância de ser infantil, eis aqui um post sobre um tema mais pesado.

Ultimamente, eu tenho pensado bastante sobre o tema de violência contra mulheres, algo cuja existência eu conhecia, mas não conhecia. Até agora. Claro que eu sempre soube que é o tipo de coisa que pode acontecer a qualquer mulher, mas por alguma razão (arrogância? presunção?), num nível subconsciente eu meio que me achava imune. Não acho mais.

O texto abaixo é tradução de um email que mandei para uma amiga minha quando eu estava em Atenas no dia 7 de junho passado.

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Ok. Uma coisa agradável e depois uma bem desagradável me aconteceu depois que eu te escrevi aquele email na hora do almoço.

A coisa agradável foi que eu subi o Monte Lykavittos, o ponto mais alto de Atenas, com a vista mais fantástica da cidade, da Acrópole, do mar, das ilhas. Incrivelmente lindo! O caminho até em cima me lembrou um pouco das trilhas no Mont Royal em Montreal, mas não tão bem cuidado, ou largo, ou movimentado.

Eu fui pelo caminho mais longo, mais deserto. Lá cima, tinha uma capelinha, um mirante, nem meia dúzia de turistas, um velho dormindo nos degraus de uma torre com um sino, e dois policiais. Eu dei a volta na capela, e descobri um caminho que desce para um restaurante e chega até a saída de um teleférico. Tirei umas fotos, e voltei para o topo, onde os policiais agora estavam conversando com o velho recém-acordado.

Para voltar monte abaixo, eu decidi pegar o caminho principal, que tinha mais estrutura, era mais curto, mais largo, mais movimentado. E foi aí que o algo desagradável aconteceu.

Um passante veio por trás de mim e começou a caminhar ao meu lado e a puxar assunto. Entre grego, inglês e italiano, ele se apresentou como Eric. Depois de três minutos me oferecendo cigarro, e me convidando para sentar um pouco, sem conseguir me fazer parar (eu continuei andando rápido, dizendo que tinha alguém esperando por mim e eu estava atrasada), ele simplesmente abriu a braguilha, tirou o pênis pra fora e murmurou alguma coisa tipo "fazer bambini", de pé, no meio do caminho, céu aberto, sol brilhando, plenas quatro da tarde, saída principal de uma das principais atrações turísticas de Atenas.

Eu chispei, com velocidade quadruplicada (movendo com meu centro de gravidade, meu umbigo, e todo meu ser). Ele começou a correr atrás de mim, dizendo "sorry sorry", até me alcançar e me agarrar pelo traseiro. Neste momento eu virei de uma vez (foi a primeira vez que eu parei e/ou virei), levantei o punho fechado, pus minha cara mais brava e disse algo do tipo "não se atreva!" com voz bem firme.

Para minha grande surpresa, o cara congelou. E eu de repente me toquei que eu não sabia nenhum golpe, além de levantar o punho, e como gritar por socorro provavelmente não ia ajudar muito, eu aproveitei que ele estava paralisado, girei nos meus calcanhares e corri. Em 15 segundos eu passei por outro transeunte (mas nessa altura do campeonato homens desacompanhados na faixa dos trinta anos não me transmitiam a mínima confiança). Em mais 10 segundos eu estava fora do parque, de volta à civilização. O incidente todo não levou nem 5 minutos do começo ao fim.

E agora, menos de meia hora depois, estou eu aqui te escrevendo. Minhas pernas estão quase parando de tremer, e meu coração está quase de volta ao ritmo normal. Mas eu estou pensando: eu tenho que cuidar dessa minha atitude "aventureira": isso não foi nem um pouco divertido... E policiais, só lá em cima do morro; quando você precisa mesmo, nada...

Se cuida,

Ester
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4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

O trem já foi naturalmente feio e o texto, escrito logo depois do ocorrido, torna tudo tão degradante e constrangedor como deve ter sido a situação. Ninguém está imune mesmo. Se cuida, Teté.

Beijo, Fan.

junho 27, 2007 2:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Pois é menina, e pelo pedido de desculpas e o tipo de abordagem para fazê-lo (te agarrando pelo traseiro), acho que ele pensou, na hora de colocar o dito cujo pra fora, que você tava afim! Total falta de bom senso!...

junho 27, 2007 3:44 PM  
Blogger Ester Macedo said...

Este comentário foi removido pelo autor.

junho 27, 2007 4:01 PM  
Blogger Ester Macedo said...

Cara, não dá para entender o que que o cara estava pensando. Porque se ele fosse estuprador mesmo, meu muque só não teria feito ele parar. Por outro lado, quem em é que acha que coisas desse tipo rolam depois de três minutos de abordagem em plena luz do dia? Depois de muito pensar nesse incidente (muito muito mesmo), meu palpite é que ele estava drogado. E que assiste filme pornô demais. E perdeu noção da realidade. Mas é só palpite.

junho 27, 2007 4:03 PM  

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