Interplexa

Do Latim Estérico: Inter (prep. "entre") + plexa (particípio do verbo "plicare", "dobrar", "desdobrar", "laçar") Significado: 1. neutro plural:"Coisas entrelaçadas ou que se desdobram internacionalmente" 2. feminino singular: "Mulher (ou menina) de camadas interligadas ou que se desdobra internacionalmente) Vide também: www.internexa.blogspot.com

Minha foto
Nome:
Local: Brasília, Toronto

Brasiliense de origem montalvanense desbravando o gelado inverno do doutorado canadense.

9.4.07

Alimento para a Alma

Ontem eu fui almoçar num lugar que há tempos eu não freqüentava. Teve uma época que eu ia lá quase todo domingo, em parte porque eles sempre tocavam discos dos Beatles. Dicos inteiros. Do começo ao fim.

Desta vez não era os Beatles que temperavam o ambiente, mas Elvis Presley. Nada mal, embora isso dificultasse o processo de prestar atenção nas minhas conversas (quando elas existiam -- as distrações eram muitas). Depois do Elvis, veio uma salada de músicas dos anos 50 e 60, que fez não só eu, mas o pessoal da mesa do lado cantar.

Saindo do restaurante, entrei numa livraria em busca de inspiração. A inspiração veio, mas não tanto dos milhares e milhares de títulos tentadores, todos prometendo a solução para todos meus problemas (tenho certeza que a solução está lá em algum lugar, só que meu tempo de vida é limitado, e o número de livros no mundo - ou nas livrarias - parece não ser).

A inspiração veio pelos auto-falantes: eles tocavam "Help", dos Beatles. E não se limitaram à primeira faixa do disco de mesmo nome (que por si só refletia bem meu estado de espírito e ironicamente o deixava mais leve). Eles tocaram o disco inteiro. Todas as quatorze faixas.

Como meu pobre irmão bem sabe,"Help" foi o primeiro disco que eu comprei, com minha própria mesada. Com a costumeira avidez de adolescente, eu pus esse disco para tocar até ele (o disco, não meu irmão) quase furar (o disco era de vinil, e a mesada limitava um pouco o repertório). Eu diria quase que eu escutei este disco "ad nauseam", só que eu nunca enjoei dele (não sei se meu irmão pode dizer o mesmo). Eu decorei as letras todas (apesar de não saber inglês na época, o que nunca foi empecilho). Aprendi os acordes todos (duas coisas na minha vida que começou com os Beatles: inglês e violão). E agora na livraria, muitas mesadas depois, eu não conseguia de jeito nenhum lembrar a última vez que eu tinha ouvido esse disco.

Eu não estava procurando nada específico na livraria (além do significado da vida, do universo e de tudo que existe -- como eu estava dizendo, nada específico). Então fiquei andando sem rumo de prateleira em prateleira. Percorri as estantes todas, de "Antropologia" a "Zoologia", passando por "Saúde e Bem-Estar" e voltando via "Estilo de Vida Digital", cantarolando, digo, cantando em alta voz, pronunciando deliberadamente cada palavra, lembrando da época que eu não sabia o que elas queriam dizer, mas as dizia saborosamente. Algumas pessoas por quem eu passava olhavam para mim confusas. Algumas outras estavam compenetradas demais em suas buscas, e enquanto outras estavam compenetradas cantando também (principalmente durante "Yesterday", durante "Act Naturally" nem tanto.)

No último acorde de "Dizzy Miss Lizzy", minha busca por inspiração se deu por terminada. Voltei para casa, completamente satisfeita com meu especial de domingo: almoço e livraria. E até agora eu não sei dizer se o que repunha minhas energias naquele restaurante era a comida ou se era a música.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

oi, Teté,

Saudades tuas. Tenho news from Rio para lhe contar. Legal ter um novo post.

Beijos, Fan.

abril 09, 2007 5:06 PM  

Postar um comentário

<< Home