Meu Interior - Parte 5 de 5
E agora com vocês, o capítulo final da emocionante minissérie "Meu Interior"
Voltando - Alguém pode pensar que as situações que eu descrevi só são possíveis nesse país de terceiro mundo onde nasci, ou nesse interior de Minas de onde veio minha família, tão diferente da capital.
Mas durante boa parte do ano eu vivo na cidade mais afluente de um dos países mais afluentes do mundo, e lá também tem pessoas que cozinham para mim e lavam minha louça (tinha época que até limpava meu quarto e arrumava minha cama) para que eu possa me concentrar nos meus estudos.
Talvez seja só coincidência que essas pessoas sejam a maioria mexicanas, assim como talvez seja só coincidência que Cielza seja negra. Mas talvez não.
Em “Teoria como Prática de Liberdade” (“Theory as Liberatory Practice”), bell hooks diz:
Quando nossa experiência vivida de fazer teorias é fundamentalmente ligada aos processos de auto-recuperação, de liberação coletiva, não existe lacuna entre teoria e prática. De fato, o que tal experiência torna evidente é o vínculo entre teoria e prática: o processo essencialmente recíproco no qual uma torna a outra possível.
Teoria não é automaticamente curativa, liberadora, ou revolucionária. Ela só faz essas coisas se a gente pedir, se a gente direcionar nossos estudos teóricos para esses fins. (Ensinando a Transgredir, p.61)
Para hooks, o próprio escrever teórico é uma prática social que pode libertar ou excluir, dependendo de como é usado.
É por isso que eu escrevo isso, por todas aquelas pessoas que, às vezes sem saber nem ler ou escrever, tornam meu ler e escrever possível.
Para elas dedico meu ler e escrever, para Cielza e Paulo Freire, Sócrates e bell hooks, pais, avós, tatataravós e toda a família, funcionários e colegas, pessoal da universidade e da igreja, Deus e seres humanos, escritores e leitores, e mais todas as pessoas sem os quais meu trabalho não seria possível. A todos vocês minha mais profunda gratidão e reconhecimento.
F I M
Voltando - Alguém pode pensar que as situações que eu descrevi só são possíveis nesse país de terceiro mundo onde nasci, ou nesse interior de Minas de onde veio minha família, tão diferente da capital.
Mas durante boa parte do ano eu vivo na cidade mais afluente de um dos países mais afluentes do mundo, e lá também tem pessoas que cozinham para mim e lavam minha louça (tinha época que até limpava meu quarto e arrumava minha cama) para que eu possa me concentrar nos meus estudos.
Talvez seja só coincidência que essas pessoas sejam a maioria mexicanas, assim como talvez seja só coincidência que Cielza seja negra. Mas talvez não.
Em “Teoria como Prática de Liberdade” (“Theory as Liberatory Practice”), bell hooks diz:
Quando nossa experiência vivida de fazer teorias é fundamentalmente ligada aos processos de auto-recuperação, de liberação coletiva, não existe lacuna entre teoria e prática. De fato, o que tal experiência torna evidente é o vínculo entre teoria e prática: o processo essencialmente recíproco no qual uma torna a outra possível.
Teoria não é automaticamente curativa, liberadora, ou revolucionária. Ela só faz essas coisas se a gente pedir, se a gente direcionar nossos estudos teóricos para esses fins. (Ensinando a Transgredir, p.61)
Para hooks, o próprio escrever teórico é uma prática social que pode libertar ou excluir, dependendo de como é usado.
É por isso que eu escrevo isso, por todas aquelas pessoas que, às vezes sem saber nem ler ou escrever, tornam meu ler e escrever possível.
Para elas dedico meu ler e escrever, para Cielza e Paulo Freire, Sócrates e bell hooks, pais, avós, tatataravós e toda a família, funcionários e colegas, pessoal da universidade e da igreja, Deus e seres humanos, escritores e leitores, e mais todas as pessoas sem os quais meu trabalho não seria possível. A todos vocês minha mais profunda gratidão e reconhecimento.
F I M
2 Comments:
Muito bom! Gostei de acompanhar sua mini-série em 5 capítulos. Lembro de ter passado por estas mesmas "reflexões" quando ainda era criança, e onde o filosofar espontâneo é ainda mais autêntico, natural e criativo.
Lembro que questionava o porquê da dona Otília, cozinheira e doméstica lá de casa, trabalhar pra gente e ser pobre. Daí que eu vi que ser pobre era a própria causa dela trabalhar pra gente. E eu vivia na casa dela, brincava com a sua filha que tinha a nossa idade (minha e do meu irmão) e nao entendia porque aquelas pessoas tão iguais a mim nao tinham a mesma condição de vida.
Mais tarde, estudando História, Geografia e demais ciências humanas, pude compreender a origem dessa "situação injusta" e até então "inexplicável"
Falta ainda...estudar e encontrar um jeito de essas pessoas também poderem usufruir desse bînômio teoria-prática, e sentir esse gosto de liberdade pleno.
Puxa, Sérgio, que legal seu comentário! Pois é, eu também acho que esse tipo de reflexão é importante e muito natural. Mas o que acontece, pelo menos comigo foi assim, é que a medida que as pessoas que tem acesso a estudos vão avançando em seus estudos teóricos, mais e mais esse tipo de questão é deixado de lado como "sem importância".
"Desconsidere os atritos", diz a teoria. Daí fica esse dicotomia, pois os que tem acesso a teoria passam a desprezar as aplicações práticas, e os que tem experiência de atrito não encontram teoria que reflete suas experiências.
E é isso que essa linha de teóricos (Paulo Freire, bell hooks, etc) querem resgatar: tornar as ciências humanas realmente humanas. E eu acho isso muito legal.
Abraço,
Ester
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