Agora
Desde criança sempre fui fascinada pelas culturas (língua, literatura, filosofia, etc) clássicas. Doidinha com o Sítio do Picapau Amarelo, e turma da Mônica, aos 9 anos conseguia descrever (em ordem e com detalhes) os Doze Trabalhos de Hércules, as deusas e deuses gregos, suas atribuições, personalidades e suas versões latinas. Falava de Aspásia e Péricles, Fídias e Sócrates como se fossem personagens infantis como Narizinho e Pedrinho, Mônica e Cebolinha, a Bela e a Fera, Mickey e Minnie.
“Mas que que isso tem a ver?”
Tem a ver que a paixão com as culturas clássicas que desenvolvi na infância tornaram-se tão arraigadas que, ao invés da carreira médica para qual me preparava, optei na universidade estudar letras clássicas e filosofia. Meu gosto por línguas, vivas e mortas, inspiradas pela “Gramática da Emília”, levou-me a Montreal, no Canadá, onde a salada lingüística fora e dentro da sala de aula parecia um parque temático Torre de Babel.
“O que estudos no Canadá tem a ver com a vida no Brasil, e vice-versa, e versa-vice?”
Durante meus estudos universitários no Canadá, muitas vezes escuto, tanto no Canadá quanto no Brasil, tanto na sala de aula quanto fora dela perguntas do tipo:
- "O que vocês está fazendo no Canadá estudando Latim?"
- "Qual a relevância disso para realidade atual?"
- "Sua formação no Brasil tem alguma coisa a ver a vida no Canadá?"
- “Mas eu achava que você era tão inteligente, como assim você ainda está na escola?”
- “Mas eu achava você tão inteligente, como assim você gosta de fazer alguma coisa além de estudar?”
Na minha cabeça não via contradição nenhuma em nenhum desses pontos. Mas pensei que o problema fosse comigo, já tinha pelas pessoas em cada uma dessas esferas profunda admiração. Como todas essa áreas sempre foram partes integrais da minha vida, e me recusava abrir mão de qualquer uma delas, para não ficar muito destoante, fui aos poucos compartimentalizando minha vida. Na parte teórica evitava fazer menção a prática. Na parte prática evitava qualquer blá blá blá teórico. Na vida do Canadá quase não traía minha origem brasileira. Nas férias no Brasil evitava tirar muita onda da vida no Canadá.
Mas como nunca dar para ser completamente neutra, fui ficando cada vez mais calada. Já que não é possível ser 100% só isso sem resquício daquilo, fui ficando apagada. De tanto não querer aparecer, fui ficando quase invisível. E a invisibilidade não é uma sensação legal, porque não é só os outros que esquecem de você, mas até você mesmo se esquece quem você é. Auto-invisibilidade.
Internexa e Interplexa
Perplexa, tive então uma conversa comigo mesma. Perguntei a mim: "Eu, quem é você?" E o único jeito que Eu soube responder a essa pergunta foi listar as coisas que me empolgam, listar as pessoas que fazem parte da minha vida. O Eu surgiu na interseção e interação de todas essas coisas e pessoas.
Esse blog então é isso: um ponto de contato entre coisas e pessoas, idéias e experiências, países e línguas, escritores e leitores, elementos todos aparentemente sem nexo algum, mas que fazem todos partes do eu estérico. É uma combinação de confissões agostinianas, meditações cartesianas, memórias da Emília (com a mesma modéstia destes três), querido diário, diálogo platônico, ágora socrática, fórum internético, álbum de figurinhas e outras quimeras estéricas. Tudo sem ordem nem método, mas tudo interconnectado.
Fiquem ligados! A Ágora é agora!
P.S. A idéia foi fazer esse blog simultâneamente em português e inglês, para rolar um bate-papo entre meu círculo brasileiro e meu círculo canadense. Mas não deu muito certo por os dois círculos na mesma página. Criei então uma página separada para o conteúdo em inglês(separações de novo, o sistema prevalece mais uma vez!). Mas não deixemos o sistema forçar mais esta segregação: sinta-se mais do que a vontade para olhar, comentar e participar das duas páginas. O endereço da interplexa em inglês é www.internexa.blogspot.com
“Mas que que isso tem a ver?”
Tem a ver que a paixão com as culturas clássicas que desenvolvi na infância tornaram-se tão arraigadas que, ao invés da carreira médica para qual me preparava, optei na universidade estudar letras clássicas e filosofia. Meu gosto por línguas, vivas e mortas, inspiradas pela “Gramática da Emília”, levou-me a Montreal, no Canadá, onde a salada lingüística fora e dentro da sala de aula parecia um parque temático Torre de Babel.
“O que estudos no Canadá tem a ver com a vida no Brasil, e vice-versa, e versa-vice?”
Durante meus estudos universitários no Canadá, muitas vezes escuto, tanto no Canadá quanto no Brasil, tanto na sala de aula quanto fora dela perguntas do tipo:
- "O que vocês está fazendo no Canadá estudando Latim?"
- "Qual a relevância disso para realidade atual?"
- "Sua formação no Brasil tem alguma coisa a ver a vida no Canadá?"
- “Mas eu achava que você era tão inteligente, como assim você ainda está na escola?”
- “Mas eu achava você tão inteligente, como assim você gosta de fazer alguma coisa além de estudar?”
Na minha cabeça não via contradição nenhuma em nenhum desses pontos. Mas pensei que o problema fosse comigo, já tinha pelas pessoas em cada uma dessas esferas profunda admiração. Como todas essa áreas sempre foram partes integrais da minha vida, e me recusava abrir mão de qualquer uma delas, para não ficar muito destoante, fui aos poucos compartimentalizando minha vida. Na parte teórica evitava fazer menção a prática. Na parte prática evitava qualquer blá blá blá teórico. Na vida do Canadá quase não traía minha origem brasileira. Nas férias no Brasil evitava tirar muita onda da vida no Canadá.
Mas como nunca dar para ser completamente neutra, fui ficando cada vez mais calada. Já que não é possível ser 100% só isso sem resquício daquilo, fui ficando apagada. De tanto não querer aparecer, fui ficando quase invisível. E a invisibilidade não é uma sensação legal, porque não é só os outros que esquecem de você, mas até você mesmo se esquece quem você é. Auto-invisibilidade.
Internexa e Interplexa
Perplexa, tive então uma conversa comigo mesma. Perguntei a mim: "Eu, quem é você?" E o único jeito que Eu soube responder a essa pergunta foi listar as coisas que me empolgam, listar as pessoas que fazem parte da minha vida. O Eu surgiu na interseção e interação de todas essas coisas e pessoas.
Esse blog então é isso: um ponto de contato entre coisas e pessoas, idéias e experiências, países e línguas, escritores e leitores, elementos todos aparentemente sem nexo algum, mas que fazem todos partes do eu estérico. É uma combinação de confissões agostinianas, meditações cartesianas, memórias da Emília (com a mesma modéstia destes três), querido diário, diálogo platônico, ágora socrática, fórum internético, álbum de figurinhas e outras quimeras estéricas. Tudo sem ordem nem método, mas tudo interconnectado.
Fiquem ligados! A Ágora é agora!
P.S. A idéia foi fazer esse blog simultâneamente em português e inglês, para rolar um bate-papo entre meu círculo brasileiro e meu círculo canadense. Mas não deu muito certo por os dois círculos na mesma página. Criei então uma página separada para o conteúdo em inglês(separações de novo, o sistema prevalece mais uma vez!). Mas não deixemos o sistema forçar mais esta segregação: sinta-se mais do que a vontade para olhar, comentar e participar das duas páginas. O endereço da interplexa em inglês é www.internexa.blogspot.com
4 Comments:
legal gostei demais faça uma boa viajem
beijos
Obrigada, Fefê. Gente, a Maria Fernanda é minha afilhada de 10 anos, ávida leitora também. Estão vendo? Nunca subestime jovens leitores!
dinda esse cometaria é da minha amiga que leu e disse isso:
muito bem vc encetiva muitas pessoas a ler continue escrevendo mais e mais pois um dia talveis sera uma escritora famosa
parabens adorei seu trabalho
abraços e beijos ...
Puxa, Fefê, que legal que sua amiga gostou! Qual o nome dela?
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