Meu Interior - Parte 1 de 5
Entrega - Esta semana, depois de muito esperar, recebi pelo correio dois livros: "Ensinando a Transgredir" (“Teaching to Transgress”) da bell hooks, e "Cavalo de Tróia" (“Trojan Horse”) da Page du Bois. Já que eu já falei um pouco sobre a du Bois, deixe-me falar então agora das minhas primeiras impressões sobre a bell hooks.
Do contra - De cara eu tenho que confessar que, por algum motivo, eu tenho uma imensa resistência a pessoas que têm uma legião de admiradores. Por exemplo, se eu já estivesse por aqui nos anos sessenta, provavelmente eu não gostaria dos Beatles do jeito que eu gosto. Foi essa mesma tendência de ir contra a maré que me fez não querer nem dar uma chance ao Paulo Freire por tanto tempo. Pra mim, ele meio que enfeitiçavava nas pessoas, e eu simplesmente recusava a me expor à influência de um guru desse calibre. Até que finalmente não teve mesmo jeito, e de repente entendi por que ele é tão admirado. Fui enfeitiçada também.
bell hooks - O mesmo aconteceu com a bell hooks. Muita gente fala muito bem dela. Gente demais, bem demais. Logo, ela era suspeita. Mas daí alguém me contou que o estilo dela meio que combinava com meu. Pronto. O velho truque do narcisismo deu certo. Agora eu tinha que ir ver o que que a bell hooks tinha de parecido comigo, embora estivesse determinada desde o princípio a achar qualquer defeito que preservasse minha individualidade estérica.
Outra Entrega - E então, apesar de todo meu preconceito e resistência, eu não tive que passar da primeira página para me entregar de vez. Eu me rendi a legião dos muitos que muito admiram a bell hooks. Mesmo nossas experiências de vida sendo tão diferentes, parecia que as palavras delas eram minhas, que eu lia a mim própria. Eu adorei o estilo dela, tão coloquial, tão apaixonado, tão bem pensado, mostrando a cada linha que o cérebro dela era tão sensível quanto o coração era inteligente. O contagiante encanto me pegou em cheio novamente.
Pontos - bell hooks também admira muito o Paulo Freire, o que fez ela ganhar muitos pontos comigo. Mesmo admirando, ela ainda assim faz críticas e desafios ao Paulo Freire. Mais pontos, até estrelinha. Ela até teve a oportunidade de falar com ele, de trocar idéias tomando sorvete. Isso me fez morrer de inveja e ciúmes. Mais estrelinhas, e medalha de honra ao mérito.
Vida no papel - Me encanta o jeito sincero e simples com que bell hooks fala da vida dela, seus medos, suas paixões, sua análise da pressão acadêmica de escrever todo mundo no mesmo formato. E ler sobre a vida dela me fez pensar sobre a minha, e a de muita gente que eu conheço.
Não perca amanhã o segundo capítulo desta estérica minissérie!
Do contra - De cara eu tenho que confessar que, por algum motivo, eu tenho uma imensa resistência a pessoas que têm uma legião de admiradores. Por exemplo, se eu já estivesse por aqui nos anos sessenta, provavelmente eu não gostaria dos Beatles do jeito que eu gosto. Foi essa mesma tendência de ir contra a maré que me fez não querer nem dar uma chance ao Paulo Freire por tanto tempo. Pra mim, ele meio que enfeitiçavava nas pessoas, e eu simplesmente recusava a me expor à influência de um guru desse calibre. Até que finalmente não teve mesmo jeito, e de repente entendi por que ele é tão admirado. Fui enfeitiçada também.
bell hooks - O mesmo aconteceu com a bell hooks. Muita gente fala muito bem dela. Gente demais, bem demais. Logo, ela era suspeita. Mas daí alguém me contou que o estilo dela meio que combinava com meu. Pronto. O velho truque do narcisismo deu certo. Agora eu tinha que ir ver o que que a bell hooks tinha de parecido comigo, embora estivesse determinada desde o princípio a achar qualquer defeito que preservasse minha individualidade estérica.
Outra Entrega - E então, apesar de todo meu preconceito e resistência, eu não tive que passar da primeira página para me entregar de vez. Eu me rendi a legião dos muitos que muito admiram a bell hooks. Mesmo nossas experiências de vida sendo tão diferentes, parecia que as palavras delas eram minhas, que eu lia a mim própria. Eu adorei o estilo dela, tão coloquial, tão apaixonado, tão bem pensado, mostrando a cada linha que o cérebro dela era tão sensível quanto o coração era inteligente. O contagiante encanto me pegou em cheio novamente.
Pontos - bell hooks também admira muito o Paulo Freire, o que fez ela ganhar muitos pontos comigo. Mesmo admirando, ela ainda assim faz críticas e desafios ao Paulo Freire. Mais pontos, até estrelinha. Ela até teve a oportunidade de falar com ele, de trocar idéias tomando sorvete. Isso me fez morrer de inveja e ciúmes. Mais estrelinhas, e medalha de honra ao mérito.
Vida no papel - Me encanta o jeito sincero e simples com que bell hooks fala da vida dela, seus medos, suas paixões, sua análise da pressão acadêmica de escrever todo mundo no mesmo formato. E ler sobre a vida dela me fez pensar sobre a minha, e a de muita gente que eu conheço.
Não perca amanhã o segundo capítulo desta estérica minissérie!
4 Comments:
ester, rola de fazer um esclarecimento biográfico ai. do tipo, qual área, sobre o que ela se dedica etc. valeu.
Que bom você perguntou, Rodrigo, estava só esperando.
bell hooks é uma professora de prestígio de uma universidade de prestígio em Nova Iorque, coisa muito rara para uma mulher negra classe operária vinda daquele sul separatista dos Estados Unidos.
Ela escreve sobre justiça social, sobre racismo, feminismo, elitismo (especialmente sobre as contradições de grupos marginalizados, tipo feministas racistas, ou negros machistas).
Mas ela não fica só no aspecto teórico-abstrato do conteúdo de literatura que é a especialidade dela (autoras negras), mas trabalha todo um meta-questionamento sobre processo acadêmico inteiro de aprender, ensinar, conhecer, reconhecer, escrever, publicar, corrigir, contratar. Situações do dia dia dentro e fora da sala de aula, mas com uma reflexão teórica muito bem feita, sem por isso cair num texto acadêmico inacessível. Muito legal.
Ester, melhor que ler esta história no blog, só ouvindo-a ao vivo de você! Que bom que tive este prazer duplamente.
Só que uma coisa passou desapercebida na história falada, mas que não posso deixar de questionar agora que a leio: por quê você só escreve 'bell hooks' em minúsculo?
Perguntar não ofende não, né?
Mas como eu não dou conta de esperar resposta, fui buscá-la eu mesmo:
http://en.wikipedia.org/wiki/Bell_hooks
De onde transcrevo: "The name honors her great grandmother, whose name she took, and is spelled in lower-case letters to demonstrate that the content of hooks' work is more important than her name."
Glad to help! :-)
Beijos, te adoro!
Você faz seu dever de casa direitinho, hein, meu caro Danilo? Está de parabéns, continue assim!
Beijocas,
Ester
*****
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